sábado, 17 de novembro de 2012

História sobre Patañjali

É dito que em uma ocasião o Senhor Vishnu estava sentado sobre Adisesa, Senhor das Serpentes, seu assento, observando a fascinante dança do Senhor Shiva. Vishnu estava completamente absorvido nos movimentos da dança de Shiva que seu corpo começou a vibrar seguindo o ritmo da dança. Essa vibração foi tornando-o cada vez mais pesado, e consequentemente, deixando Adisesa desconfortável e com falta de ar, a ponto de desmaiar. No fim da dança, o corpo de Vishnu voltou a ser leve. Adisesa, espantado, perguntou ao Senhor a causa de tão surpreendentes mudanças. O Senhor explicou que a graça, beleza, majestade e grandeza da dança de Shiva haviam criado as correspondentes vibrações em Seu próprio corpo, tornando-o muito pesado. Maravilhado, Adisesa expressou o desejo de aprender a dança, para assim glorificar a seu Senhor. Vishnu considerou e predisse que não tardaria muito tempo para Shiva conceder a graça a Adisesa de escrever um comentário sobre gramática, e que ele seria também capaz de aperfeiçoar-se na arte da dança. Adisesa se sentiu cheio de alegria ante essas palavras e aguardou esperançosamente o dom da graça de Shiva.

Senhor Vishnu deitado sobre Adisesa, o Senhor das Serpentes.

Adisesa começou a meditar para determinar quem seria sua mãe na Terra. Durante a meditação teve a visão de uma yoguini chamada Gonika que rezava pedindo um filho digno a quem pudesse partilhar seu conhecimento e sabedoria. Nesse instante percebeu que ela seria a mãe adequada, e aguardou o momento propício para converter-se em seu filho.

Gonika, pensando que sua vida terrena já estava no fim, se deu conta de que não havia encontrado o filho que estava buscando. Assim, como último recurso, dirigiu-se ao deus Sol, a testemunha vivente de Deus na terra, e rezou para que ele concedesse seu desejo. Como oferenda final, colocou água em suas mãos, fechou os olhos e meditou sobre o Sol. Quando estava a ponto de oferecer a água, abriu os olhos e viu uma pequenina serpente movendo-se em suas palmas, e que em seguida, adotou forma humana. Esse pequeno ser humano se prostrou ante Gonika e pediu que lhe aceitasse como seu filho. Gonika assim o fez, dando-lhe o nome de Patañjali.

Patanjali, grande dançarino.
Pata significa “cair ou caído”, e añjali é uma oferenda. Añjali também significa “mãos unidas em oração”. A prece de Gonika com as palmas das mãos unidas sugere, pois, o nome de Patañjali. Patañjali, encarnação de Adisesa, sustentador de Vishnu, não apenas se converteu no célebre autor dos Yoga Sutras, como também de tratados de ayurveda e gramática. 

Patañjali escreveu o Mahabhasya, uma obra clássica para o cultivo da linguagem correta, e mais tarde um livro sobre ayurveda, a ciência da vida e da saúde. Sua obra final sobre o yoga é dirigida para a evolução mental e espiritual do ser humano. Todos os dançarinos da Índia prostram sua homenagem a Patañjali como um grande dançarino.

Juntas, as três obras de Patañjali tratam do desenvolvimento integral do ser humano, tanto na esfera do pensamento como na palavra e na ação. Seu tratado sobre yoga se denomina “yoga darshana”. Darsana significa “visão da alma”, e também espelho. O efeito do yoga é refletir os pensamentos e ações do aspirante como um espelho. O praticante observa os reflexos dos seus pensamentos, mente, consciência e ações, e corrige a si mesmo. Este processo lhe guia para a observação do si-mesmo interior.

As obras de Patañjali são seguidas pelos yogues até hoje, no esforço por desenvolver uma linguagem refinada, um corpo cultivado e uma mente civilizada.